O Senhor Santo Cristo dos Milagres, popularmente referido apenas como Senhor Santo Cristo ou Santo Cristo dos Milagres, é uma peça de arte sacra venerada no Convento de Nossa Senhora da Esperança, na Ilha de São Miguel, concentra a grande devoção religiosa de todos os açorianos. A origem desta imagem está envolta em mistério, mas, segundo a tradição, terá sido oferecida pelo Papa a duas religiosas do primeiro convento de freiras dos Açores, existente no Vale de Cabaços (Caloura), no século XVI.
Por se tratar de um local ermo, junto ao mar, afastado da comunidade e exposto a ataques de piratas, as irmãs resolveram transportar a imagem para o Convento de Nossa Senhora da Esperança em Ponta Delgada, fundado em 1541. O Senhor Santo Cristo dos Milagres permanece no Convento desde essa data e o seu culto foi perpetuado pela dedicação da Venerável Madre Teresa da Anunciada (1658-1738), que mandou erigir uma capela para resguardo do Ecce Homo, no coro baixo da Igreja do Convento.
Há 300 anos que em Maio, no 5º domingo depois da Páscoa, muitos peregrinos visitam este Santuário, participando na maior procissão dos Açores. A grande fé dos açorianos e de outros peregrinos expressa-se, também, através de ofertas beneméritas ao Convento e ao Senhor Santo Cristo, sob a forma de jóias, das quais se destacam o Resplendor, o Ceptro, a Coroa de Espinhos, o Relicário e as Cordas, magníficos exemplares de joalharia portuguesa do século XVIII.
O fervor religioso dos açorianos pelo Senhor Santo Cristo está solidamente enraizado no povo, como símbolo de um forte elo de identidade cultural e religiosa. Constituem a maior e mais antiga devoção que se realiza no país, e que só encontra paralelo com a devoção popular expressa no Santuário da Mãe Soberana, em Loulé, e, a partir do século XX, nas celebrações em honra de Nossa Senhora de Fátima. A devoção atrai, anualmente, milhares de açorianos e seus descendentes, de todas as ilhas e do exterior, uma vez que é um momento escolhido por muitos emigrantes para visitarem a sua terra natal.