A DESCOBERTA
A descoberta do arquipélago dos Açores foi feita no ano de 1427 por Diogo de Silves, piloto de El-Rei de Portugal, que chegou à ilha de Santa Maria. Até 1439 sabe-se que foram descobertas 7 das 9 ilhas: SANTA MARIA, TERCEIRA, SÃO JORGE, FAIAL, PICO, SÃO MIGUEL e GRACIOSA. As outras duas ilhas, FLORES e CORVO, só foram descobertas em 1452 por Diogo de Teive, um escudeiro do Infante Dom Henrique.
O nome Açores vem da palavra açor, que é a designação de uma ave. Segundo pesquisas efetuadas por Luiz Antônio de Assis Brasil, que foi professor de literatura na Universidade dos Açores, há uma versão contando que os primeiro navegadores que lá chegaram viram bandos de milhares, aves muito comuns no arquipélago e provavelmente às confundiram com açores, originando-se daí o nome das ilhas.
A povoação das ilhas se fez a partir de 1439 por ordem do Rei Dom Afonso, que disso encarregou o seu tio, o Infante Dom Henrique. As motivações do povoamento imediato de ilhas, distantes e inóspitas para as condições sociais da época, foram naturalmente as seguintes: a cultura do trigo, que escasseava na Metrópole, rareava já na Madeira e era à base da alimentação das tripulações da marinha e dos soldados do norte da África; a exploração de possíveis culturas comercializáveis; e o apoio às frotas no seu regresso da África, Extremo Oriente e, mais tarde, o Brasil. Com a escassez de população em Portugal, esse povoamento foi mais imposto pelo imperativo de colonizar do que espontâneo. A ideia fundamental seria a de ocupar as ilhas para servir de portos de apoio à futuras descobertas, culminando com a aspiração máxima de atingir o oriente.
Inicialmente os Açores eram em uma Donatária Hereditária, constituindo as ilhas Capitanias. Ao donatário pertenciam todos os tributos, dízimos, impostos, rendas e foros das terras e um domínio incontestado sobre os seus habitantes. Pertencia-lhe, ainda, a jurisdição civil, criminal e administrativa, nomeando funcionários e confirmando eleições. O último donatário das ilhas foi o duque de Beja e Viseu, Dom Manuel, que assumiu a coroa real em 1494.
A vila de Angra, hoje Angra do Heroísmo é a atual capital da Ilha Terceira, foi à primeira povoação dos Açores a ser elevada a cidade, recebendo o seu floral em 1534. Nesse mesmo ano foi escolhida para sede do bispado açoriano pelo Papa Paulo III. A donatária ficou incorporada à coroa real até 1580, quando Portugal uniu-se à Espanha. A partir desse ano, foi nomeado um Governador-Geral, com poderes civis, políticos e militares e escolhida a cidade de Angra, na ilha Terceira, como sede do governo do arquipélago. Mesmo após a Restauração portuguesa, de 1640, esse sistema de administração continuou até 1653, quando voltou o sistema de capitanias sem um governo centralizado. Em 1766 o Marquês de Pombal estabeleceu uma Capitania-Geral com sede em Angra, tendo o capitão-general jurisdição em todas as ilhas.
Em 1832 a Capitania-Geral deu lugar à formação da Província Açoriana, ainda com sede em Angra. Em 1836, em mais uma modificação, divide-se as ilhas em três grupos denominados Distritos Administrativos. Após a Revolução 25 de Abril de 1974, a nova Constituição da República Portuguesa instituiu o regime político-administrativo autônomo para os arquipélagos dos Açores e Madeira. Atualmente o arquipélago é considerado uma Região Autônoma com assembléias e governos regionais assistidos por um Ministro da República. Em 1976 foram eleitos os primeiros deputados para a Assembléia Regional dos Açores e o seu primeiro Governo Regional. Atualmente, a sede da autonomia da Região Autônoma dos Açores está na cidade de Horta, ilha de Faial.
Localizados em pleno Oceano Atlântico, entre a Europa e a América do Norte, os Açores desenvolvem-se no paralelo de Lisboa com as latitudes de 39º43’/36º55’ N. As nove ilhas têm uma superfície total de 2333 Km² e uma Zona Econômica Exclusiva de 984.300 Km². As suas áreas variam entre os 747 Km² (ilha de São Miguel) e 17 Km² (ilha do Corvo). O cone vulcânico do Pico na ilha do mesmo nome, que atinge os 2354 m, é a maior altitude dos Açores e de Portugal.
“Feliz aquele que se recorda com prazer dos seus antepassados, que conversa com estranhos sobre eles, suas ações e sua grandeza e que sente uma satisfação secreta por se ver como o último elo de uma bela corrente.”
Johann Wolfgang von Goethe (1749~1832).